Diagnóstico Comunitário é um aliado na elaboração de projetos sociais assertivos

por | fev 16, 2023 | Uncategorized

Um dos grandes equívocos que podem ocorrer quando se trata de intervenções sociais é não conhecer muito bem a comunidade beneficiada. A realidade de problemas sociais como a pobreza é complexa e requer uma série de instrumentos para compreendê-los e propor soluções. O diagnóstico comunitário possui um papel central para desenvolver iniciativas que façam sentido para empreendedores sociais e para o público atendido por elas. Ao abrir um canal de diálogo com a comunidade, os empreendedores envolvidos na construção de um projeto conseguem ter mais clareza da realidade do território a partir do ponto de vista local. Dessa maneira, conhecem as necessidades e desejos da comunidade e avaliam as possibilidades do projeto. 

O CADI Brasil possui ampla experiência na realização de diagnósticos comunitários e sempre é procurado por organizações e empresas interessadas na metodologia. A coalização também ensina os principais passos do procedimento no SEDEC Imersão, capacitação direcionada a empreendedores sociais cristãos que almejam construir um mundo mais igualitário. A ONG utiliza um modelo de diagnóstico comunitário rápido, que normalmente ocorre em menos de uma semana, e participativo que ajuda a desenvolver projetos de serviço comunitário de modo muito mais assertivo e eficiente para atender as necessidades das comunidades. É uma imersão local que promove a escuta ativa dos moradores e evita desenhos de projetos desconectados da realidade. 

Protagonismo da comunidade

“Às vezes, a comunidade tem um desejo, uma necessidade e a falta de um espaço formalizado e da escuta ativa da comunidade beneficiada traz o risco de desenhar e desenvolver projetos que não têm nada a ver com a realidade. A grande importância disso é dar voz e poder desenhar o projeto a partir dos termos da comunidade.  O processo funciona na aplicação de ferramentas como formulários estruturados, entrevistas, visitas em campo, grupos focais para que a comunidade tenha segurança e garantia de ser escutada”, explica Marcel Camargo, diretor-executivo do CADI Brasil.

A primeira etapa é composta pelo processo de escuta dos gestores da organização que contrata o serviço,  para compreender quais são seus objetivos e intenções, com a finalidade de planejar a coleta de dados,  alinhando os interesses dos gestores no mapeamento. O Diagnóstico se desdobra em duas fases seguintes: a coleta de dados secundários para uma compreensão da realidade local e a coleta de dados primários, na qual o CADI Brasil constrói instrumentos de pesquisa que são formulários pré-estruturados, de ordem quantitativa, com perguntas fechadas que são aplicadas a partir de uma amostra estatística com o maior número possível de pessoas que moram no território. Há também a elaboração de formulários semi-estruturados e uma pesquisa qualitativa.  

“A pesquisa qualitativa é uma aplicação metodológica que emprestamos da Antropologia, que é uma maneira de entrar no território e vivenciar a realidade na perspectiva local.  Trata-se de um processo minucioso! Vamos ao local, visitamos os lugares-chave, as lideranças, entrevistamos lideranças religiosas, do poder público e privado. Entre os locais públicos estão escolas,  CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, Unidades Básicas de Saúde, e outros contextualizados ao objetivo do diagnóstico. Esta etapa é permeada por muita escuta, pois a partir dos formulários semi-estruturados, gravamos as entrevistas, fazemos uma série de grupos focais com crianças, adolescentes, mulheres, homens, jovens, sempre com a intenção de coletar um mosaico de percepções”, acrescenta Marcel.

Ferramenta evita desperdício de recursos

Ao final do processo, após  a análise dos dados secundários e primários, é elaborado um relatório que apresenta um olhar diversificado sobre o contexto do território. Investigar os territórios com cuidado é essencial para que projetos sociais sejam bem implementados. O diagnóstico comunitário assegura a participação e o protagonismo da comunidade e cria um espaço legítimo onde ela se expressa. Além disso, evita perda de tempo e de recursos financeiros porque o projeto é desenhado a partir de contextos específicos. Além de mapear os ativos da comunidade, indicando organizações já atuantes no mesmo território, para o estabelecimento e/ou aproveitamento de redes e conjunção de esforços para superação dos problemas sociais. 

Recentemente, o CADI Brasil realizou um diagnóstico para uma igreja no Espírito Santo que desejava atuar com pessoas em situação de rua. Ao longo do processo, foram descobertas outras oportunidades para construir um projeto mais alinhado a áreas que antes não estavam tão contempladas. “Temos histórico de organizações que querem desenvolver projetos na área de esporte, por exemplo, mas, a partir do diagnóstico, fica claro que a necessidade da comunidade é o fortalecimento de vínculos familiares e a proteção à primeira infância. Tudo isso se corrige e oferece mais assertividade a partir de um trabalho preventivo feito pelo diagnóstico. A simples ideia de perguntar o que a comunidade quer já é um avanço gigantesco em direção a medidas que vão prevenir equívocos de abordagens que organizações e empreendedores podem cometer”, finaliza Marcel.

Sobre o CADI Brasil

O Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral (CADI Brasil) é uma coalizão de organizações sociais cristãs que atua prioritariamente na proteção à infância, à adolescência e à família por meio do desenvolvimento comunitário em regiões em situação de vulnerabilidade social. Fundado em 1994, o CADI possui um programa de apadrinhamento de crianças e adolescentes, atua em ações emergenciais para o enfrentamento à fome e desenvolve projetos sociais com interface na cultura, educação,  esportes, formações técnicas e profissionais,  com o objetivo de aumentar a qualidade de vida dos beneficiados. A OSC atua em sete estados e oito municípios: Valença (BA), Camaçari (BA), Gaibu (PE), Porto Velho (RO),  Maré (RJ), Fazenda Rio Grande (PR), Palhoça (SC) e Aratuba (CE). Mais informações: https://cadi.org.br/

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