A pobreza monetária representa um grande obstáculo para o desenvolvimento de crianças e adolescentes no Brasil. Privados de direitos básicos, eles sofrem prejuízos que os impedem de desfrutar das mesmas oportunidades acessadas pelo restante da população e não conseguem atingir seu potencial. Em 2020, havia 7,7 milhões de crianças e adolescentes de zero a 14 anos vivendo em situação de extrema pobreza, com renda domiciliar mensal de até R$ 261,25, o equivalente a um quarto do salário mínimo, aponta o estudo Cenário da Infância e Adolescência no Brasil, elaborado pela Fundação Abrinq com base em dados divulgados pelo IBGE.
Conforme o estudo, que contém dados sobre diversos indicadores sociais da infância e da adolescência no Brasil, como educação, mortalidade, matrículas em creche e violência, 12 milhões de crianças viviam em situação de pobreza. Em 2019, o país tinha 9,7 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos em situação de pobreza. O aumento da vulnerabilidade social representa um grave impedimento ao compromisso para a erradicação da pobreza, assumido pelo país na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
A pobreza possui repercussões em diferentes esferas da vida dos jovens: na educação, na saúde, na nutrição, no desenvolvimento cognitivo. Em países profundamente desiguais como o Brasil, a má distribuição de renda possui uma estreita relação com a violência.
“A violência não tem uma causa única. Não existe uma precariedade específica que produza toda a violência que o Brasil tem vivenciado nestes últimos anos. Sabemos que a pobreza potencializa esta realidade, privando crianças e adolescentes de alternativas saudáveis para seu desenvolvimento”, afirma Marcel Camargo, diretor-executivo do CADI Brasil.
A organização se mobiliza diariamente para melhorar a vida de crianças e adolescentes pobres em todo país. Os projetos e programas sociais do CADI ampliam o leque de oportunidades de moradores de territórios precários para que eles tenham dignidade e construam um futuro melhor. Em Santo Agostinho (PE), o CADI atua no atendimento de crianças e adolescentes que vivem na região da Praia de Gaibu. Em 2017, a população total do município, segundo o IBGE, era de 204.653 habitantes e, em 2020, dados do Observatório da Criança e Adolescente mostram que a média anual de pessoas do município em situação de pobreza e extrema pobreza inscritas no Cadastro Único (Cadúnico) era de 73.654.
O índice de Gini, que mede o grau de desigualdade, indica que quanto mais próximo do número 1 for o resultado, maior é a desigualdade. Em 2021, o estado de Pernambuco atingiu seu recorde com índice de 0,579. Em Cabo de Santo Agostinho, o índice em 2010 era de 5,3.
Profissionalização, Esporte e Gestão financeira
Para o enfrentamento das situações de pobreza, vulnerabilidades e risco social vivenciados pelas crianças, adolescentes e suas famílias, o CADI Gaibu organizou três projetos: dois voltados ao atendimento de crianças e adolescentes. Entre eles está o Projeto Capacita Aí, focado na qualificação de adolescentes de 14 a 18 anos para o mercado de trabalho, contribuindo para que os atendidos permaneçam estudando até a conclusão do Ensino Médio e incentivando-os a escolher cursos técnicos ou de graduação, fortalecendo suas perspectivas de futuro.
Já o Projeto Plantando Sementes oferece oficinas para crianças e adolescentes nas áreas de cidadania, ecosurf – trabalhando o esporte e o meio ambiente – e ainda práticas de leitura e coaching educacional, para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Em médio prazo, o CADI Gaibu pretende contribuir para que os beneficiários atendidos tornem-se adolescentes e jovens que concluam a educação básica (Ensino Médio) e sejam fortalecidos em suas habilidades e competências pessoais para ingressar no mercado de trabalho. Em longo prazo, a unidade contribui para a garantia de direitos a fim de que haja melhoria na qualidade de vida das famílias e a sociedade seja mais pacífica e justa reduzindo os índices de pobreza e extrema pobreza do município.
A unidade executa ainda o Projeto Mulheres do Mangue Mar, que promove o acesso de mulheres marisqueiras e pescadoras a cursos de beneficiamento do pescado, oficina de gestão financeira e oficina de temas transversais para seus filhos. Assim, as mulheres aprendem enquanto seus filhos estão em espaços seguros.O objetivo do projeto, que ocorre graças ao apoio da Prudential e do Fundo Casa Socioambiental, é capacitar mulheres marisqueiras no beneficiamento de pescado e em boas práticas de manipulação de alimentos, contribuindo para maior segurança alimentar e aumento da renda, oportunizando assim resultados mais efetivos e sustentáveis.
Cabe destacar que cerca de 35 mulheres são atendidas com idades entre 18 a 65 anos. A maioria não é alfabetizada ou possui baixa escolaridade e vive em comunidades tradicionais da pesca artesanal e/ou quilombos de Cabo de Santo Agostinho. Para a manutenção de todos esses projetos, a contribuição dos doadores é essencial. Clique aqui e veja como ajudar a organização a transformar vidas.
Sobre o CADI Brasil
O Centro de Assistência e Desenvolvimento Integral (CADI Brasil) é uma coalizão de organizações sociais cristãs que atua prioritariamente na proteção à infância, à adolescência e à família. Fundado em 1994, o CADI existe para combater as situações de vulnerabilidade e risco social vivenciadas por crianças e adolescentes que vivem em comunidades pobres no Brasil, para tanto possui unidades de intervenção social espalhadas pelo Brasil que executam projetos sociais relevantes em diferentes áreas: cidadania, cultura, educação e tecnologia, esportes qualificação para o mercado de trabalho e saúde, com o objetivo de aumentar a qualidade de vida dos beneficiados. A OSC atua em sete estados e oito municípios: Valença (BA), Camaçari (BA), Gaibu (PE), Porto Velho (RO), Maré (RJ), Fazenda Rio Grande (PR), Palhoça (SC) e Aratuba (CE). Mais informações: https://cadi.org.br/