Dia 31 de outubro é marcado pela celebração da Reforma Protestante, um evento que não modificou apenas a cultura religiosa no século XVI, como também provocou uma série de transformações socioculturais. O movimento foi iniciado pelo monge Martinho Lutero em 1517, que se sentia inconformado com a exploração financeira das pessoas por meio da venda de indulgências pela Igreja Católica, que enfrentava uma séria crise de credibilidade devido aos abusos de poder, à corrupção de clérigos e à quantidade de terra e outras riquezas em suas mãos.
Lutero afixou 95 teses na porta da Igreja do Castelo, em Wittemberg, na Alemanha. Esse ato deu origem à Reforma Protestante que possibilitou a popularização da Bíblia, que era escrita em latim e passou a ser acessível ao povo, o aumento da alfabetização, a criação de universidades, a independência do Estado em relação à igreja, a defesa das camadas mais vulneráveis da população. Além da democracia, outros aspectos marcantes da reforma são a liberdade de expressão e de pensamento e sua influência na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi redigida com base nas ideias dos reformadores.
A Reforma representa um grande salto em relação à defesa dos direitos humanos e suas repercussões culturais, políticas, sociais, educacionais são sentidas até hoje, 505 anos depois. O movimento é um dos pilares que sustenta o CADI, que tem a consciência do amor, da paz e da justiça presentes no Reino de Deus. Quando se nega às pessoas o acesso a serviços essenciais como educação, saúde e moradia, elas são desprovidas de uma vida com dignidade.
Por isso, o trabalho do CADI tem como foco o atendimento às crianças, adolescentes e famílias que vivem em situação de pobreza, vulnerabilidade e risco social, contribuindo desta forma para o conhecimento e acesso deste público aos seus direitos, contribuindo para que todos vivam com dignidade.
A luta por justiça social deve ser um trabalho incansável para todo cristão, mas ainda há muito a ser feito, especialmente com profundos retrocessos sociais vivenciados no país.
A pesquisa Mapa da Nova Pobreza, conduzida pela FGV Social, mostra que o contingente de pessoas com renda domiciliar per capita de até R$ 497 atingiu 62,9 milhões de brasileiros em 2021, cerca de 29,6% da população total do país. O número corresponde a 9,6 milhões a mais de pessoas na comparação com 2019, quase a população de Portugal. De acordo com o estudo, isso representa um recorde, pois a pobreza nunca esteve tão alta no Brasil desde o começo da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) em 2012.
“Um dos grandes legados da Reforma Protestante foi a noção de que o senhorio de Jesus Cristo não diz respeito apenas à nossa vida religiosa. O Reino de Justiça, Paz e Alegria se estende para a realidade das comunidades, para o mundo dos negócios e no trabalho social. Por isso, nossos projetos nada mais são do que nossa declaração de que Deus reina, e onde este governo alcança, crianças, adolescentes e suas famílias acessam seus direitos e a Salvação. Esta é a base de nossa missão”, enfatiza Marcel Lins, diretor do CADI Brasil.